HISTÓRIA DA ESCOLA
A partir da década de 1930, o governo brasileiro havia instituído um regime educacional favorecido pela nacionalização e caracterizado pelo ensino público e gratuito. O objetivo dessa reformulação era a nacionalização, isto é, o desenvolvimento do sentimento nacional, a educação baseada nos valores brasileiros da cultura e língua nacional. Essa campanha era decorrente do modelo positivista que se instalou no governo federal a partir da experiência castilhista gaúcha.
O ensino público e em língua nacional atingiu a escola particular, confecional e em língua alemã existente na região colonial. Em Sapiranga, esse processo de nacionalização ocorreu apenas a partir de 1934, com a instalação do Grupo Escolar, que oferecia o curso primário (1° ao 5° ano) em regime diurno. No entanto, a vila Sapyranga[1] possuía uma população considerável e muitos filhos de trabalhadores urbanos e rurais não tinham a possibilidade de cursar até o quinto ano. Alguns paravam antes outros viviam intensas dificuldades para concluir o curso primário.
Em 1934, o Brasil vivia o período Vargas que se preocupou em criar uma identidade nacional através do uso da língua portuguesa e de um projeto educacional. Nesse contexto é que compreendemos a criação do “Grupo Escolar” em Sapiranga.
As decisões governamentais de Getúlio Vargas para criar a unidade nacional se concretizaram na medida da criação de uma instituição escolar pública e gratuita em cada parte do Brasil. Desta forma, objetivava o acesso à escola sem despesas e em língua portuguesa para construir a unidade nacional pelo idioma comum.
A 10 de fevereiro de 1934, através do decreto nº 5526, o Secretário de Estado dos Negócios do Interior e Exterior, João Carlos Machado, no exercício como Interventor Federal, instituiu o Grupo Escolar em Sapiranga e Estância Velha, distritos de São Leopoldo. O Grupo Escolar foi instalado em prédio alugado na atual rua Carlos Biehl. O efeito da escola pública na vila foi intenso. A escola particular perdeu um número considerável de alunos. Os objetivos nacionais em construção estabelecidos pelo projeto educacional de Getúlio Vargas criaram o Grupo Escolar.
O espírito nacionalista, característico no mundo dos anos 30, refletiu nas medidas seguintes. O governador José Antonio Flores da Cunha denomina os grupos escolares para perpetuar nomes de personalidades ligadas ao desenvolvimento histórico ou educacional do Rio Grande do Sul. Através do decreto nº 6702 de 27 de agosto de 1937, denomina de Grupo Escolar “Coronel Genuíno Sampaio”, justificado por ser “bravo official do Exército, prestou relevantes serviços à Pátria pela qual sucumbiu em combate.” (D.O., 27 de agosto de 1937).
Sapiranga era o 5º distrito do município de São Leopoldo. Era uma vila dinâmica com produção agropecuária, industrial e comercial diversificada. O meio de transporte mais utilizado era o trem que realizava ligações com a sede, a capital (o “stadt”), outros distritos e municípios vizinhos. A vivência comunitária, religiosa, educacional e social eram marcantes e característicos da área de colonização alemã.
As comunidades organizavam-se a partir da igreja e da escola. Entre as formas de lazer estavam os piqueniques, a ida à estação ferroviária para ver a chegada e a partida do trem, os bailes na sociedade, a ginástica, o teatro, os corais, as caminhadas pelas ruas da vila. A escola existente era particular, em língua alemã e confessional (Evangélica Luterana). No entanto, a escola recebia alunos de outras religiões (católicos e luteranos). Em tudo que se fazia na vila seja no trabalho ou no lazer vivia-se com as tradições alemãs, sendo brasileiros e falando em alemão. Era a Escola Evangélica responsável pela preservação das tradições e mantida pelos moradores. Com a criação do Grupo Escolar todos os filhos de moradores da vila poderiam freqüentar a escola e aprender mais do que simplesmente ler e escrever.
Em 1959, os casais Carlos Bruno e Elfrida Kunz, Ernesto e Lilly Kunz, Arno e Ella Kunz doaram uma área de terras à Prefeitura Municipal de Sapiranga para construção de um prédio para o Grupo Escolar Coronel Genuíno Sampaio que seria transferido ao Estado do Rio Grande do Sul, mediante doação.
A área doada pela família Kunz possuía 4.250 m2 com divisas ao sul com a Rua Almirante Barroso, a leste com a Rua Otto Kunz, a oeste com a Rua São Pedro e ao Com a conclusão da construção do prédio escolar se estabelece o Curso Primário de Aplicação da Escola Normal “Coronel Genuíno Sampaio”, nossa atual escola. Os atuais prédios onde se localizam a secretaria, a direção, a biblioteca e as salas em frente a estes setores foram inaugurados em 1962, com a criação da Escola Normal Regional “Coronel Genuíno Sampaio” – 1º Ciclo pelo decreto nº 13.927 de 26 de julho de 1969.
A área doada pela família Kunz possuía 4.250 m2 com divisas ao sul com a Rua Almirante Barroso, a leste com a Rua Otto Kunz, a oeste com a Rua São Pedro e ao norte com propriedade de Arno Kunz e outros. Essa doação foi um facilitador para concretização da Lei Municipal nº 295 de 31 de dezembro de 1958, que estabelecia a concessão de um prazo de quatro anos para que o Estado do Rio Grande do Sul concluísse um prédio e suas instalações para a escola. Caso essa lei não fosse cumprida pelo Estado, o terreno doado retornaria aos doadores.
Com a conclusão da construção do prédio escolar se estabelece o Curso Primário de Aplicação da Escola Normal “Coronel Genuíno Sampaio”, nossa atual escola. Os atuais prédios onde se localizam a secretaria, a direção, a biblioteca e as salas em frente a estes setores foram inaugurados em 1962, com a criação da Escola Normal Regional “Coronel Genuíno Sampaio” – 1º Ciclo pelo decreto nº 13.927 de 26 de julho de 1969.
As necessidades da vila e a sensibilidade dos administradores do município foram responsáveis pela instalação de outros cursos de 2º Ciclo, como o Curso Científico, de Contabilidade e de formação de professores. São os anos dourados. Ao Grupo Escolar Genuíno Sampaio coube a instalação da “Escola Normal de 2º Ciclo”, criada pelo decreto nº 14.363 de 19 de novembro de 1962, assinado pelo governador Leonel Brizola e de âmbito regional. Aproveitando-se das aulas do Grupo Escolar como Escola de Aplicação e instituía-se um curso de nível técnico.
A 29 de agosto de 1969, o decreto nº 19.851, do governador do Estado do Rio Grande do Sul, Walter Peracchi Barcellos, transforma o Grupo Escolar em Curso Primário de Aplicação da escola Normal Regional “Coronel Genuíno Sampaio”.
Estas denominações foram decorrência das sucessivas organizações do ensino brasileiro. Em 1969, Peracchi Barcellos em consonância com as diretrizes militares, extingue o Grupo Escolar e o transforma em escola de aplicação para as alunas normalistas e que atuariam nas escolas da região e não apenas no município de Sapiranga.
Em 1978, nova reorganização é realizada pelo governador Sinval Guazzelli. Através do decreto nº 27.281 de 4 de julho de 1978, a Escola Normal Regional Coronel Genuíno Sampaio passa a se chamar Escola Estadual de 1º Grau Coronel Genuíno Sampaio. Essa reorganização previa que as escolas particulares de Sapiranga como a Escola Evangélica de 1º Grau Incompleto Duque de Caxias e Escola de 1º Grau Incompleto Imaculado Coração de Maria tivessem a complementação do curso no Genuíno Sampaio.
A reforma do Ensino Brasileiro através da Lei nº5692-71 foi responsável pela organização das escolas no município. O prédio do antigo Grupo Escolar foi entregue aos proprietários em 1975. O curso normal deixou de funcionar com a organização do Ensino em 1º e 2º Graus. A partir de 1978, a Escola Normal passa a ser de 1º grau e as mudanças e adaptações físicas foram realizadas através de parceria com o município (as antigas salas de madeira). Na década de 1980, foi construído um prédio de alvenaria com três pisos, em parceria com a municipalidade e as indústrias locais para atender a demanda de alunos.
Durante os anos de retorno à abertura política no Brasil, a escola vivenciou momentos de construção democrática com a participação nas greves do Magistério Estadual. Juntamente a esses momentos, a Escola se destacava pela qualidade do ensino, pela participação em competições esportivas, pelo Coral e pela Banda Marcial com apresentações as mais variadas desde eventos sociais, culturais e cívicos. Boas lembranças vêm à mente de todos os que viveram alguns destes momentos. As reuniões de professores que procuravam adequar-se as novas fórmulas de planejamento e de avaliação, com certeza permanecem na mente dos profissionais que trabalharam na escola. As festas de São João, os meios frangos para subsidiar a Banda Cláudio Wingert, os Conselhos de Classe que iniciavam às 7h30min e terminavam às 18 horas do sábado, os chás do Clube das Mães com a venda de trabalhos manuais, os Bingos da APM, o Calendário Rotativo e seus momentos de estudo, as reuniões de pais, as entregas de boletins, as campanhas ecológicas e de reciclagem, as confraternizações, as formaturas....
Uma nova organização com o decreto nº 37.164 de 27 de janeiro de 1997 transformou a escola com a abertura do 2º Grau, passando a denominar-se Escola Estadual de 1º e 2º Graus “Coronel Genuíno Sampaio”. Com essa medida os alunos poderiam dar continuidade a seus estudos. Através da Portaria nº 00109 de 14 de abril de 2000 ocorreu a alteração da designação da escola para Instituto Estadual “Coronel Genuíno Sampaio” e que se mantém atualmente.
Os professores geralmente não residiam no município. A procedência dos mesmos era de cidades da região metropolitana como Porto Alegre, Canoas, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Dois Irmãos, Taquara, Campo Bom, Sander, Alto Rolante. Nos anos 1930 aos inícios dos anos 1960, os professores vinham de trem, permanecendo no Hotel Sapiranga e retornando nos finais de semana. Mais tarde, vinham de ônibus ou de carro próprio. Nestas idas e vindas houve o caso de uma professora de Educação Física que faleceu em um acidente de trânsito na antiga sinaleira do avião, em Canoas. Foi a professora Leni Moraes Lencina, gerando grande comoção na comunidade escolar.
O bairro onde se localiza a escola sofreu muitas modificações. O prédio saiu da rua Carlos Biehl para a São Pedro. Mudou de rua, mas não de bairro. A quantidade de moradores aumentou vertiginosamente. A ocupação dos terrenos foi tão intensa que hoje temos edifícios com apartamentos como residência. O Palácio de Esportes construído no final dos anos 1960 já está pequeno. As áreas com terrenos cobertos com campo estão ocupados por residências, indústrias e comércio. O traçado das ruas permanece. O que mudou foi a ocupação.
A área verde da escola não teve um planejamento. Foi feito um trabalho gradual com plantas cultivadas em canteiros, cultivo de árvores e em um tempo houve até horta. Como a necessidade de salas de aula e de canhas para a prática de educação física este espaço foi reduzido. Em outros momentos árvores tiveram que ser cortadas porque estava atingindo a estrutura dos prédios.
Um período imenso com muitas lembranças, pois diversas gerações passaram pelo “Genuíno”. São os avós, os pais,. Os filhos, os netos...... Muitas histórias individuais, muitas vitórias e sucessos, muitas tristezas.......
A história do Genuíno Sampaio é a nossa história. Parafraseando Michelet, retiramos das prateleiras papéis, mas não apenas papéis velhos e sim histórias de vidas que insistem em sair do anonimato.
Revendo o que já nos antecedeu, compreendemos o presente e buscamos o significado da vida, sonhamos com melhorias, com atividades para um mundo melhor. Por que?
Porque trabalhamos para “oportunizar ao educando a construção do conhecimento humano e científico, num mundo em transformação, buscando a solidariedade, a justiça, o exercício da cidadania, o respeito mútuo e à natureza, posicionando-se como sujeito sócio histórico cultural”.
E para concluir, as palavras e sons de nossos alunos:
“Em busca do saber
Na bandeira já está nosso destino
Na Escola Genuíno
Este lema é quase como um dever.”
[1] Utilizamos essa grafia para o nome da cidade, Sapyranga, pois essa é a utilizada nesse período e consagrada pela inscrição deixada nas paredes da Estação Férrea. A grafia irá modificar aos poucos e por ocasião da emancipação ficará definida a inscrição com “i”, Sapiranga.
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